terça-feira, 18 de maio de 2010

Diario de um pseudo louco

Todos os primos estudaram em um colégio para filhos de militares, eu também é claro, a maior parte da minha vida estudantil se passou lá, eu achava uma merda (hoje vejo que foi incrível).

Aprendi muitas coisas lá inclusive a tentar me socializar, mas vamos por partes...

Todos os primos e irmã estudavam de manhã, criavam laços familiares indo juntos estudar como uma família linda e feliz... Menos quem? EU é claro, não tinha vaga de manhã e me jogaram a tarde (mas todo mundo tem pai militar? Não, o avô que era). De tarde era uma merda, parecia a 2ª divisão, e se você pensa que não tínhamos que acordar cedo, adivinha! Tinha atividades extraclasses de manhã e retorno de educação física, logo... Nem uma vantagem. Parecia que até as pessoas eram mais feias no horário da tarde, e os inspetores famosos também trabalhavam só de manhã (a Madona por exemplo) a banca de revista era bombardeada de manhã e de tarde só tinha o farelo pra eu comprar.

Ok de tarde sucks! Mas claro que o babaca aqui mesmo com todos esses incômodos arranjou a menina dos olhos da vez (platônica claro) uma loirinha magrinha que brincava com os homens (me dou conta agora que muito parecida com a antiga do jambeiro) ela era diferente das outras cheias de frescura, o que me atraiu. Logo vi que todos os caras eram afim dela, e ela era a rainha dos foras, o que rapidamente criou uma aura maligna ante-rapazes ao seu redor (ótimo, menos concorrente) não me importava com a aura, ela já era minha, apenas não sabia ainda.

E eis que acontece uma coisa inesperada, um animal da 1ª divisão resolveu estudar de tarde do nada... E eu ficaria com o lugar dele. Eu adorei claro, mas e minha loira? Eu não tinha escolha, tinha que falar com ela, nem que seja um “oi charmoso”.

Ela não foi...

Na minha ultima semana na segunda divisão a loira resolveu se ausentar do colégio, e eu fui informado que tinha uma menina que gostava de mim na sala (e daí?) uma branquinha de cabelo escuro, eu era baixinho na época e ela era mais alta que eu, não dei bola é claro, estava esperando minha paixão voltar...E ela voltou no meu ultimo dia sentou na frente perto da professora, e estranhamente por um motivo que eu desconhecia estava de óculos escuro, não importa, na hora do recreio eu vou falar com ela...
Depois de ir algumas vezes ao banheiro sem sucesso a dor de barriga continuava, então resolvi encarar, achei meu alvo em uma área arborizada na frente da porta da sala (que não tinha porta só um vão de entrada) e lá estava ela, enfim sem os óculos e dando aquela virada em “slow motion” o cabelo cortando o vento, e ela me viu com seus lindos olhos claros e...WTF!!!

Bom claro que hoje eu sei que não era pra tanto, mas na hora foi surreal (pior que alem da imaginação), ok voltando...

O olho esquerdo dela estava normal, mas o direito não era dessa dimensão, a parte colorida estava mesclada com uma mancha vermelha sangue que avançava no globo preenchendo a maior parte do branco ocular (não, não era um olho vermelho, ou irritado) era como se tivessem pegado o olho do Mun Rah e colocado lá...bom eu como qualquer garoto não normal daquela idade passei direto.

Que bom que as coisas entre nós tinham terminado, eu iria livre para passar a 1ª divisão (pelo menos foi o que pensei).

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Diário de um pseudo-louco (como se faz um menino defeituoso)

Vamos começar do inicio...

Antes de me tornar o que sou hoje eu já fui um “girino” como todos e já nessa época já dava pra perceber algumas coisas diferentes.

Nunca gostei muito de me socializar desde bebê, eram raras as pessoas que me atraiam o colo, logo o passarinho emburrado era o predileto da maioria por ser tão quietinho e gordinho (sim eu era gordinho) não lembro, mas minhas bochechas deviam ser idolatradas. Nunca gostei de gente, tentaram me raptar quando eu era bebê.

Não dá pra confiar nas pessoas, por isso gosto da natureza, dos animais simples, quase um Mogli o menino logo misturado com o Bob (do fantástico mundo de Bob). Assim eu era, pra que amigos chatos se eu podia brincar sozinho? Mas ai tinha o inferno... ops! A escola...

Sim eu era o freak do canto, acabei desenvolvendo uma gagueira com o tempo (o que não facilitava em nada) e a vergonha virou ansiedade que virou medo, que virou um casulo.

Fora a família (salvo alguns) a maioria não gostava de mim, o que era recíproco, principalmente as mulheres...eu virei um expert em relacionamentos platônicos, eu sempre namorava a menina mais bonita da sala (pena que ela não sabia) mas pra que complicar? Era tudo uma maravilha, até aparecer o “idiota”... (o idiota era aquele que diferente de mim tinha algo que atraia as mulheres) e eles pegavam minha namorada e ela se deixava pegar, e eu sofria mais do que qualquer outra coisa, e ficava com ódio dos dois por terem me traído (como eles podiam fazer isso comigo?) lógico que nem um dos dois sabiam da minha existência, mas isso não era desculpa...

Logo eu era o sofredor mirim da minha época, colecionador de desilusões amorosas (leia-se BABACA).

Minha primeira namorada era a que eu queria mas não a que eu pedi em namoro (WTF!), minha mãe me convenceu a tentar namorar uma outra menina que a seus olhos era mais interessante que a que eu queria. Depois daquela dor de barriga mortal e vontade de morrer, com uma ajudinha no canto do clube de noite eu pedi a não namorada em namoro, ela não quis é claro, e quando eu já ia me render ao peso da derrota nos joelhos e começar a chorar eis que me aparece o meu real encanto para me consolar (valeu ai Deus, ou quem quer que seja, essa foi legal) e ela gostava de mim (devia ser doida, mas não importa) um gaguejada aqui e outra ali e começamos a namorar, não era o namoro do século (éramos crianças e eu só sabia dar selinho) mas eu era feliz na nossa simplicidade, até o “demônio” (leia-se melhor amiga da namorada) conspirou contra, levada pelo ciúme a tal melhor amiga (capeta) resolveu botar duvida quanto ao meu gostar e exigiu uma armadilha para provar meus sentimentos (eu era meio babaca mas não burro). Num jogo de vôlei na areia a minha namoradinha ingênua resolve puxar briga do nada com um cara tipo uns 5 anos mais velho que eu e esperou que eu a defende-se ( os seres humanos são estranhos mesmo) resolvi deixar eles brigarem e voltar pra casa da minha avó subir no meu jambeiro de estimação e lá chorar minhas magoas, não durou muito até a namorada ver que a amiga (satanás) tinha feito merda e aparecer embaixo do meu jambeiro (NO MEU JAMBEIRO!!!!) desculpas e lagrimas ela tentou subir e logo teve que descer porque eu ameacei derrubar ela de lá (Yes).

Nunca ia perdoar ela por duvidar de mim, minha ex-namorada foi embora inconsolada... (depois eu vou entender que as melhores amigas das namoradas são sempre um problema)

Mas isso fica pra próxima...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Fragmentos de memoria

Permita-se

A vida é finita e só é preciso estar vivo pra morrer (like death and taxes)...

Não se perca pensando no que poderia ter sido, ou com medo de arriscar, sim o mundo da voltas, mas nem sempre pra onde você deseja, faça o que tem vontade sem ligar para opinião alheia, do jeito que as coisas andam nessa nossa sociedade não da pra esperar, amanhã tudo pode acontecer... Não fique louco(a) e saia fazendo besteira por ai, vamos pegar todo mundo \o/ (não é por ai) ninguém falou em inconseqüência, apenas liberte-se das duvidas e medos que lhe impedem de viver a vida na sua plenitude.

Não julgue os outros pela maioria ou pelo erro de um terceiro, você se da ao direito de ser julgado da mesma forma generalizada... Feche o olho e caia, erre, sofra...

Escolha suas mascaras para as situações diversas, temos que nos adaptar ao meio, mas ao achar alguém interessante o suficiente, tente deixar as mascaras de lado e arrisque no seu verdadeiro eu, a verdade é uma arma poderosa, assim como a sua singularidade... Sorria, pule, grite...

Pare de sobreviver e passe a viver.

Se quando passamos por uma experiência de quase morte passamos a viver, o que ocorre quando passamos nos privar da vida? Vivendo uma quase vida... Estamos morrendo.

Permita-se

domingo, 2 de maio de 2010

Quando lobos choram (contos insones parte 2)

Metal e sal, o gosto de ferrugem do sangue quente não lhe era estranho, mas estava disfarçado por um sabor rançoso e agridoce...
Seus sentidos se confundiam, tentava correr e tudo o que conseguia parecia um trote manco. A noite chorava lentamente tornando o descampado escorregadio, o mato molhado ralava sua canela e nada que fizesse o livrara de escorregar algumas vezes, tinha que sair do campo para a proteção parcial da floresta o mais rápido possível, a vontade era de cair e se deixar para os perseguidores, mas ainda tinha algumas tarefas a cumprir, em uma mistura de cambaleio e escorregões na lama ele chega ao fim do campo.
Uma ultima olhada para o que deixou pra traz revelou uma imagem turva de tochas ao longe, atrás um grande castelo coberto pela noite, no mato nasciam na sua direção caminhos irregulares e rápidos.
Os animais raivosos que cortavam o mato em uma velocidade incrível eram atiçados pelas vozes que seguravam as tochas vindas mais de traz, cães de Gaus, o rosnado estridente era inconfundível, parecia um choro rouco de um animal doente, cães malditos que não mereciam tal titulo, não eram cães, eram bestas, uma raça criada pela seleção e mistura de outras com características separadas e únicas, a mistura resultou em algo terrível, criada para a guerra, treinada para matar.
Tinham oito deles e estavam encurtando a distancia, o braço quebrado doía e estava tirando o equilíbrio da corrida, tinha que dar um jeito, o terreno parecia banhado a gelo, pois seus pés estavam dormentes. Devia ter escutado Zalhim, mas era tarde demais. E os cães eram o menor de seus problemas... Não havia lua essa noite, tudo estava coberto de trevas e sombras duvidosas, a própria noite poderia engoli-lo, mas tinha que arriscar, os primeiros metros da floresta se foram e os cães estavam perto de mais... Não há como fugir ileso. Ele pára e se encosta a uma grande arvore que descansa a sua esquerda e emite um gemido sufocado ao empurrar o braço para o devido lugar. Pontos vermelhos foram anexados a sua visão e num estante de alivio após a dor do braço seu pensamento busca os outros. Não sabia onde estavam, mas de uma coisa ele sabia: Venzel o traiu...