domingo, 2 de maio de 2010

Quando lobos choram (contos insones parte 2)

Metal e sal, o gosto de ferrugem do sangue quente não lhe era estranho, mas estava disfarçado por um sabor rançoso e agridoce...
Seus sentidos se confundiam, tentava correr e tudo o que conseguia parecia um trote manco. A noite chorava lentamente tornando o descampado escorregadio, o mato molhado ralava sua canela e nada que fizesse o livrara de escorregar algumas vezes, tinha que sair do campo para a proteção parcial da floresta o mais rápido possível, a vontade era de cair e se deixar para os perseguidores, mas ainda tinha algumas tarefas a cumprir, em uma mistura de cambaleio e escorregões na lama ele chega ao fim do campo.
Uma ultima olhada para o que deixou pra traz revelou uma imagem turva de tochas ao longe, atrás um grande castelo coberto pela noite, no mato nasciam na sua direção caminhos irregulares e rápidos.
Os animais raivosos que cortavam o mato em uma velocidade incrível eram atiçados pelas vozes que seguravam as tochas vindas mais de traz, cães de Gaus, o rosnado estridente era inconfundível, parecia um choro rouco de um animal doente, cães malditos que não mereciam tal titulo, não eram cães, eram bestas, uma raça criada pela seleção e mistura de outras com características separadas e únicas, a mistura resultou em algo terrível, criada para a guerra, treinada para matar.
Tinham oito deles e estavam encurtando a distancia, o braço quebrado doía e estava tirando o equilíbrio da corrida, tinha que dar um jeito, o terreno parecia banhado a gelo, pois seus pés estavam dormentes. Devia ter escutado Zalhim, mas era tarde demais. E os cães eram o menor de seus problemas... Não havia lua essa noite, tudo estava coberto de trevas e sombras duvidosas, a própria noite poderia engoli-lo, mas tinha que arriscar, os primeiros metros da floresta se foram e os cães estavam perto de mais... Não há como fugir ileso. Ele pára e se encosta a uma grande arvore que descansa a sua esquerda e emite um gemido sufocado ao empurrar o braço para o devido lugar. Pontos vermelhos foram anexados a sua visão e num estante de alivio após a dor do braço seu pensamento busca os outros. Não sabia onde estavam, mas de uma coisa ele sabia: Venzel o traiu...

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